Teoria musical é um bicho de sete cabeças para quem está começando a produzir música eletrônica, eu sei bem.
Como o caminho do produtor costuma ser iniciado pelo próprio software, a música em si acaba sendo deixada de lado por acharmos que é tudo muito difícil.
A notícia boa é que a teoria musical básica não é difícil!
Existem poucas coisas que você precisa decorar, e a maioria delas eu desenvolvi algumas “manhas” que me ajudaram muito a se lembrar.
Isso não é um curso de música, mas é uma garantia de que você irá fazer músicas com sentido e seguindo a teoria básica.
As Notas e Cifras
Em softwares de produção e anotações musicais, não utilizamos o clássico dó, ré, mi, fá para representarmos as notas.
Para facilitar, utilizamos as cifras.
Cifras são letras que representam cada uma dessas notas.
A mais fácil de decorar é o Fá, pois é a letra F. Caso você esqueça, é um bom ponto de partida. Para melhorar, imprima a imagem a seguir e cole na parede em cima do seu monitor:
Sustenido e Bemol
Entre as notas, existe um intervalo de tom. De Dó para Ré, temos um tom.
Porém, entre eles existe o meio termo, ou seja, o meio tom. Quando falamos destes, nos referimos como bemol ou sustenido.
O sustenido, é quando estamos subindo meio tom, indo de dó para ré, por exemplo. O bemol, é quando estamos descendo meio tom, indo de ré para dó.
Portanto, é certo dizer que o dó sustenido é a mesma nota que ré bemol.
Na teoria musical, o sustenido é representado pelo símbolo #.
Vai ser o mais utilizado por nós, visto que os programas indicam apenas este símbolo.
Estes intervalos, num piano, são representados pelas notas pretas.
Repare que o Mi (E) e o Si (B) não possuem o sustenido. Isso ocorre porque entre uma nota e outra, não temos o meio tom.
Para decorar facilmente, imagine que Mi e Si (característicos pelo som da letra i) não possuem sustentação, pois a letra i é uma letra fina, se bater um vento ela cai.
É um jeito infantil de decorar, mas funciona demais!
Oitavas
Repare num piano. Você não possui apenas 7 teclas brancas, não é mesmo?
Se existe de dó a si, por que temos tantas notas?
Porque elas se repetem, porém em outras oitavas. A oitava, para nós produtores determina o quão grave ou agudo o instrumento vai soar.
É possível tocar baixo no C2, por exemplo (dó na segunda oitava). Porém, ele poderá ter muito mais força no grave se for tocado na C1, que é a primeira oitava.
Montando uma escala
Sabendo o básico de teoria musical, já podemos construir nossa primeira escala.
A escala serve para limitar nossas notas e não correr o risco de fazer algo completamente sem sentido, além de definir o sentimento da música.
Imagine ter 12 notas à disposição para escolher (incluindo os sustenidos). É muita coisa!
Por isso, cada música é feita na sua escala. E existem padrões de escalas para cada estilo.
No site Beatport, você consegue ver a nota que a música está. Isso ajuda muito caso você queira fazer uma música seguindo uma referência:
Existem dois tipos de escalas que utilizamos mais: a menor e a maior.
Resumindo, a menor vai te dar um sentimento mais pista, sério, melancólico.
A maior vai ser felizona!
Esse sentimento se dá pelo intervalo de tons em cada escala.
Escala maior:
Selecione todas as notas brancas, partindo da nota C (dó). Essa é uma escala de dó maior!
Para utilizar outras escalas maiores, como a de sol, por exemplo, basta selecionar essas notas e movê-las com a setinha para cima ou para baixo.
Para as notas não serem tocadas e ficarem ali só como referência, selecione todas e aperte a tecla “0” no teclado.
Escala menor:
Mesma lógica, porém, partindo da nota A (la). Todas as notas brancas a partir de A formam a escala de lá menor.
Criando Progressões
Para ir de uma nota para a outra, existem alguns padrões de intervalos que deixariam este post mais técnico.
Se lembra das manhas de teoria musical que comentei? Você tem duas opções aqui.
A primeira é pegar referência de alguma música que você goste e copiar os acordes, para ir treinando.
A segunda é utilizar o site https://autochords.com/ e gerar suas progressões.
Você irá utilizar basicamente 4 notas para fazer a progressão. Basta escolher no lado esquerdo do site qual a sua escala e tipo de progressão (cliche, melancolica, etc.).
O site mostrará os acordes ideais com as notas que serão utilizadas:
Acordes
Os acordes são várias notas sendo tocadas ao mesmo tempo de maneira harmônica.
Uma nota em cima da outra.
As mais comuns que podemos utilizar são as Tríades. Tríades são 3 notas tocando ao mesmo tempo.
Para acostumar com o som, utilize o plugin de piano no ableton, o piano toca bem tanto nas frequências graves quanto agudas.
Da maneira mais simples, podemos fazer uma tríade (3 notas tocando ao mesmo tempo) escolhendo o intervalo de Terça e Quinta.
Basicamente, você vai pular uma nota e selecionar a outra na sua escala.
Ou seja, considerando uma escala de Dó maior, onde temos apenas as notas brancas à partir de dó, seu primeiro acorde poderia ser:
Dó, Mi, Sol
Existem variações dos acordes, com mais notas tocando e intervalos diferentes. Sempre veja referências em músicas que você gosta, procurando por:
- Cifras em canais que ensinam a tocar violão, por exemplo
- Pesquisando o nome da música + piano sheet no youtube
- Pesquisando o nome da música + synthesia no youtube
Seguindo este raciocínio, você consegue transformar a progressão de notas que havia feito anteriormente em uma progressão de acordes.
Melodias
Eis a parte que irá ficar na cabeça do seu ouvinte!
A melodia é uma sequência de notas mais repetitiva (porém não enjoativa), que segue com destaque ao longo da música.
A melodia pode ser um vocal, por exemplo. Observe a música do Medusa, onde a melodia é cantada pelo Ah Ah Ahh A:
A melodia pode ser feita com instrumentos também, no caso de muitas músicas do Avicii, por exemplo:
Independente da sua escolha, ela precisa ser marcante.
Aqui, é preciso cuidado para a melodia não ficar fora do tom, pois lembre-se, ela irá tocar junto aos acordes que você criou.
Então como criar a melodia que faça sentido com o acorde?
Simples, utilize as notas do acorde e faça uma melodia, diminuindo o tamanho delas e deixando um ritmo que faça sentido.
Repare que as notas utlizadas são as mesmas do acorde, mudando apenas o ritmo e o fato de que elas não estão tocando ao mesmo tempo:
A melodia precisa grudar na cabeça, mas cuidado para não ser repetitivo demais.
Quando você criar um padrão, como o feito acima, procure mudar um pouco o ritmo de vez em quando. Imagine que essa parte criada é a seção A. Crie uma variação dessa seção e imagine que é a seção B.
Duplique essas duas seções criadas e mude um pouco o ritmo da última, chamando ela de C.
Assim, teríamos uma melodia com um padrão:
A – B – A – C
Aqui, não estamos falando de cifras, apenas nomeando as seções. Poderia ser 1-2-1-3, por exemplo.
Conclusão:
Faça uma coisa de cada vez. O mais importante é não sair do tom na sua música e não dar aquela impressão de instrumento desafinado.
O conceito de teoria musical pode ser usado para fazer sets harmônicos também, se você tiver interesse, tenho um tutorial sobre como fazer sets no ableton live.
Comece pelo simples e vá evoluindo, dificilmente você será o Martin Garrix da noite para o dia.
Em meu canal no youtube, tenho vários exemplos de criação de músicas completas, onde você pode aprender mais e se inspirar também.
Para te ajudar no começo da caminhada, fiz 4 modelos de wallpapers para que você possa colocar de plano de fundo e se lembrar das cifras e as principais escalas que citei aqui.
Clique com o botão direito para abrir a imagem em uma nova guia e salvar.
Valeu produtor! Boa sorte nas suas produções.
2 comentários em “Teoria Musical Básica para Música Eletrônica”
Finalmente entendi teoria musical aplicada na musica eletronica. Bem simples de entender mesmo ! Valew mesmo!
Valeeu irmão! Fico feliz que deu uma ajuda por aí!